Depois de uma série de experimentos para determinar onde e por quem nós nos sentimos mais confortáveis em sermos tocados, pesquisadores fizeram algumas descobertas surpreendente, e algumas intuitivamente óbvias. Os resultados foram publicados recentemente na revista médica PNAS.
Talvez não seja tão surpreendente que as mulheres se sintam mais à vontade em ser tocadas do que os homens. E os homens ficam mais confortáveis sendo tocados por uma mulher do que por outro homem. Mas os homens também se sentem mais confortáveis em ser tocados por estranhos do que por mulheres. E as mulheres foram autorizadas a tocar em mais áreas do corpo que os homens.
Pesquisadores da Universidade de Aalto, na Finlândia e na Universidade de Oxford, no Reino Unido, mostraram a 1.368 participantes silhuetas dianteiras e traseiras de corpos humanos, com palavras que designam membros de sua rede social – como família, amigos, conhecidos e estranhos. Eles foram convidados a colorir as regiões corporais onde cada indivíduo em sua rede social seria autorizado a tocá-los.
Pontos-chave
“O parceiro foi autorizado a tocar basicamente em qualquer lugar ao longo do corpo, conhecidos mais próximos e parentes sobre a cabeça e na parte superior do tronco, enquanto que estranhos estavam restritos a tocar apenas as mãos”, descrevem os autores, segundo reporta a CNN. “Zonas tabu, onde não era permitido tocar, incluíam os órgãos genitais para familiares mais distantes e homens da família, conhecidos e desconhecidos, bem como as nádegas para homens na família extendida, conhecidos e estranhos”.
Curiosamente, a frequência de contato social com um indivíduo não previam as áreas de toque preferidas ou aceitáveis. Quanto maior o vínculo emocional, no entanto, maior a área do corpo livre para ser tocada. Mas alguns especialistas dizem que é mais complicado do que isso.
“Um de resposta ao toque é totalmente dependente do contexto”, afirma David J. Linden, neurobiólogo e autor do livro “Touch: The Science of Hand, Heart and Mind” (“Toque: A Ciência da Mão, Coração e Mente”, em tradução livre), que não teve relação com o estudo. “Se você fizer isso em um laboratório ou pedir às pessoas para imaginar, é muito difícil conseguir uma resposta útil”.
“Imagine uma carícia em seu braço feita pelo seu parceiro quando você está sentindo conectado e amoroso”, explica. “Agora imagine a mesma carícia, mas ela é completamente diferente se é feita no meio de uma briga que ainda não foi resolvida. [A carícia] surtir uma sensação diferente logo nos primeiros momentos de percepção, porque áreas do cérebro responsáveis por tocar também calculam coisas como contexto: ‘Estou sob ameaça? Qual é o meu estado emocional? Quanta atenção estou prestando a isso?'”
Ou seja, se os pesquisadores estavam pedissem aos mesmos participantes para fazer o teste novamente – mas com um contexto diferente em mente – os resultados seriam totalmente diferentes.
Outra ressalva importante a salientar é o limite para o conjunto de dados. Os participantes foram selecionados em cinco países europeus: Finlândia, França, Itália, Rússia e Reino Unido. “Eles limitaram a sua análise a países e culturas onde um certo grau de toque social é permitido”, aponta Linden. “Se você fizer o estudo com judeus ortodoxos ou muçulmanos devotos ou outros grupos no mundo, [os resultados] não funcionariam”.
Busca do prazer
Segundo os autores, a aceitabilidade de contato social era mais limitada (ou seja, mais específica do relacionamento) em regiões com sensibilidade hedônica mais forte. Em outras palavras, nossos pontos mais sensíveis são, de fato, os pontos a respeito dos quais somos mais sensíveis.
“Diferentes partes da pele transmitem diferentes tipos de toque”, explica Linden. “No cérebro, há uma base biológica diferente para esses mapas. Em geral, somos avessos a ser tocados sexualmente por estranhos – e as mulheres são mais avessas do que os homens. Seus órgãos sexuais se sentem vulneráveis e você quer protegê-los”.
De acordo com o pesquisador, há diferentes tipos de terminações nervosas que transmitem diferentes tipos de informação – mas nós ainda não sabemos tudo que há para saber sobre isso. “Sabemos que um toque nos genitais dá uma sensação diferente do que um toque em qualquer outro lugar do corpo”, disse. “Se pegássemos a pele dos órgãos genitais e olhasse para ela sob um microscópio, veríamos algo diferente que é o responsável por isso: órgãos terminais mucocutâneos, que se parecem com terminações nervosas descobertas e enroladas”.
Esta pode ser uma razão pela qual estamos mais confortáveis sendo tocados em nossas costas ao invés de, por exemplo, nossos lábios. Se você fosse cutucado com duas pontas de lápis na parte debaixo das suas costas, você provavelmente não seria capaz de dizer se era de fato um ponto ou dois lápis. Porém, se acontecer o mesmo em seu lábio, você saberia com certeza e sentiria as picadas muito mais distintamente.
Perigo desconhecido
Homens e mulheres também têm diferentes relações com a violência sexual. “Do ponto de vista evolutivo, faz sentido que as mulheres tenham receio de ser tocadas por estranhos”, afirma Wendy Walsh, especialista em relacionamento, escritoras e apresentadora de rádio. “As mulheres têm evoluído mecanismos para serem exigentes sobre com quem elas se acasalam e para temer o estupro por um estranho. No entanto, o toque de amigos é relacional – as mulheres tendem fazer amizade como um amortecedor contra o estresse – e agradável. O toque dá um bom impulso de dopamina, o hormônio de ‘sentir-se bem'”.
“Os homens, por outro lado, tendem a ser menos exigentes sobre com quem acasalam”, completa Walsh. “Então, é lógico que o toque de um estranho aumenta as chances de uma oportunidade sexual”. [CNN, PNAS]
fonte:http://hypescience.com/estudo-mapeia-onde-e-por-quem-gostamos-de-ser-tocados/
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