Insatisfeitos com a demora de sete meses para dar entrar no pedido de refúgio na Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, os fugitivos da guerra na Síria pretendem realizar uma manifestação. O ato está marcado para o dia 10 de abril. O local mais provável é a sede da PF.
Em 20 de setembro passado, o Brasil facilitou a emissão de vistos para sírios e demonstrou disposição em receber refugiados. Mas a concessão da estadia humanitária depende do trâmite no País.
A PF reconhece o problema e afirma que deve implementar um novo método de atendimento em abril.
Sem o reconhecimento oficial, os recém-chegados não podem tirar carteira de trabalho. Eles também têm dificuldade de abrir conta em banco.
Refeição confiscada
Há 45 dias no País, Hamoud Izzi, de 66 anos, teve seu primeiro atendimento na PF de São Paulo agendado para 14 de outubro.
Ele mostrou à reportagem o documento que recebeu da Cáritas. A entidade, ligada à Igreja Católica, é a responsável em São Paulo por verificar a agenda da PF e encaminhar o estrangeiro. O pedido de atendimento de Izzi data de 7 de março.
O tempo de espera dele é de sete meses e sete dias.
— Como posso viver assim? O governo do Brasil não tem ajudado em nada. Até a refeição que trouxe para os primeiros dias me confiscaram no aeroporto [a legislação brasileira restringe a entrada de alimentos trazidos por passageiros de voos internacionais].
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Resgate da família
Outros sírios confirmaram a dificuldade em conseguir atendimento. Assim como Izzi, o gráfico Mohamad Kawabiji, de 33 anos, só deve ser atendido em outubro. Há um mês a mais no Brasil, o economista Mohab Almajarkish, de 27 anos, tem o encontro na PF marcado para setembro.
Almajarkish diz que, sem emprego, não tem como resgatar o resto de sua família.
— Eu sou formado em economia. Falo inglês, estou aprendendo o português. Posso trabalhar. Vim para cá na esperança de achar um emprego e juntar dinheiro para trazer o resto da família. Deixei minha mulher e minha mãe em Damasco.
Morador de Damasco, o economista afirma que a situação de seu país se agrava.
— Temo por elas. Lá, há muito bombardeio. As pessoas na rua andam armadas. É muita arma. A guerra ainda vai durar anos.
O gráfico Kawabiji conta que para fugir da Síria é preciso juntar muito dinheiro. Em geral, os fugitivos atravessam a fronteira com o Líbano de táxi. Seguem até Beirute, capital do país vizinho. Lá, pegam um voo para Istambul, na Turquia. Só então conseguem embarcar para o Brasil.
— Não sobra dinheiro para mais nada. Quando chegamos, precisamos muito de ajuda.
fonte:http://noticias.r7.com/internacional/insatisfeitos-com-demora-sirios-preparam-manifestacao-na-pf-no-dia-10-28032014
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