Por Roberto Angelino Filho (*)
As redes sociais são espelho da sociedade contemporânea e refletem com perfeição suas carências mais profundas. A necessidade exacerbada de as pessoas serem reconhecidas e amadas, que medem a felicidade pelo seu número de seguidores, que passam a vida mais preocupadas em postar do que entender o que veem, mais dedicadas ao compartilhar egocêntrico do que fizeram ou viram do que efetivamente desfrutar dos momentos. Ter um corpo sarado, ter a aparência perfeita, ter muitos amigos, ter uma vida sem problemas. Finalmente surgia uma válvula de escape que dava vazão imediata à expressão latente dessas necessidades, o que contribuiu para o seu rápido e retumbante sucesso.
Muito se fala do uso das redes sociais como instrumento de geração de valor para as marcas. Entretanto, para que sejam trabalhadas de modo eficaz, é fundamental entender o porquê de elas terem se tornado o sucesso inconteste que são. E como as marcas poderiam efetivamente se aproveitar desse sucesso com respeito integral aos seus valores.
O advento das redes sociais criou todo um novo mercado, com o surgimento e a proliferação de agências dedicadas à então novidade. Instantaneamente surgiram content managers, community managers, social media engagers e tantos outros títulos de toda sorte. Mas, na prática, e de modo uniforme, raramente qualquer desses profissionais foi além da sua proficiência no uso de ferramentas de gestão e seguiam entoando, como monges, o mantra ensinado pelos gurus de plantão: “o conteúdo é rei”. Notadamente, uma simplificação que acabou por construir em clientes e suas marcas uma dúvida sobre a eficácia real das redes sociais enquanto ferramenta para construção de valor. Afinal, é muito difícil para um negócio, seja ele qual for, reconhecer real valor em algo se levando em consideração somente aspectos qualitativos. Para ilustrar o ponto, proponho uma apreciação de como se deu a evolução deste mercado algo fundamentada na teoria econômica.
Mais importantemente, a partir do ano de 2003, quando surgiram o LinkedIn e o MySpace, e de 2004, quando o Flickr, o Orkut e o Facebook chegaram ao mercado, iniciou-se uma corrida desenfreada pelas curtidas, com batalhas épicas entre marcas que não mediam esforços para chegar aos milhões de seguidores. Naturalmente, os custos de aquisição de cada seguidor adicional tornaram-se crescentes e os retornos sobre o investimento, decrescentes. Consciente ou inconscientemente, esta dinâmica deu início a uma nova era de investimentos em redes sociais: a era do engajamento, trazendo consigo sua nova missão de estimular a interação dos seguidores com os conteúdos oferecidos pelas marcas de modo a gerar relacionamentos. E mais retornos decrescentes se seguiram, desta vez com grande participação da redução do alcance orgânico imposto pelos veículos. A lei dos retornos decrescentes é um conceito da economia, mas que se aplica perfeitamente a comunicação e se justifica de modo bastante simples: quanto mais se tenta obter a atenção de determinado público, menos atento ele tende a se tornar.
Talvez por isso ainda se observe um grande ceticismo das marcas quanto à utilização das redes sociais como instrumento eficaz de geração de negócios. E este ceticismo é, em grande parte, imposto pelas próprias agências de comunicação, que não têm tido a habilidade de apresentar aos clientes, em sua própria linguagem, as extraordinárias vantagens oferecidas pelas redes sociais enquanto veículos de comunicação. Imagine, hipoteticamente, se fosse possível veicular uma mensagem e represar a audiência impactada, de modo que se quiséssemos transmitir uma nova mensagem para a mesma audiência, o custo deste segundo impacto fosse, naturalmente, muito menor, pois já saberíamos quem seriam e onde estariam as pessoas. Tenho certeza que um veículo de comunicação bem real nos vem à cabeça!
As marcas que entenderem esta constatação estarão diante de um leque magnífico de oportunidades para se comunicarem de modo segmentado e eficaz com seus consumidores, gerando retornos crescentes, resultados expressivos e tangíveis.
(*) Roberto Angelino é diretor da Pixel4
Crédito: Reprodução / Pexels
fonte:http://www.meioemensagem.com.br/home/midia/noticias/2015/10/Opiniao-Redes-sociais-para-gerar-negocios.html
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