Azam é um menino sírio de apenas cinco anos de idade que desapareceu em um hospital em Belgrado, na Sérvia, há um mês, durante sua jornada europeia para escapar da guerra. A história de Azam desencadeou uma mobilização em redes sociais com a hashtag #FindAzam ("Encontre Azam", em tradução livre).
Busca por Azam se transformou em campanha nas redes sociais
Foto: BBC
Depois de uma semana viajando do sul da Sérvia ao norte da Alemanha, a BBC conseguiu encontrar Azam e o tio do menino. O repórter da BBC John Sweeney encontrou-o pela primeira vez em setembro, quando fazia uma reportagem sobre o percurso dos refugiados de conflitos do Oriente Médio cruzando a Europa.
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O menino chorava de dor enquanto médicos limpavam sua mandíbula, que estava quebrada. O menino tinha sido atropelado por um carro enquanto dormia. O homem que estava com ele dizia ser o pai de Azam, mas o menino dizia que era seu tio.
Ele foi visto pela última vez entrando na ambulância para ser levado a um hospital. No entanto, duas semanas depois foi descoberto que, antes de completar o tratamento em Belgrado, o menino tinha desaparecido, junto com o "tio".
Refazendo os passos
A reportagem da BBC refez o trajeto de Azam e seu tio, viajando quase 2,4 mil quilômetros desde Preshevo, o centro de recepção de refugiados no sul da Sérvia, onde Azam foi visto pela primeira vez, até Hamburgo, na Alemanha.
Azam foi para um hospital em Belgrado com uma fratura na mandíbula, depois de ser atropelado
Foto: BBC
Sweeney documentou a história no Twitter, Facebook, YouTube e Snapchat, fez um blog documentando todo o caminho e a história foi traduzida para o árabe e turco - o repórter John Sweeney tin ha apurado, até então, que os pais de Azam estava na Turquia.
"Queríamos fazer de tudo para aumentar nossas chances de encontrá-lo", disse Sweeney. A boa notícia é que Azam está bem. Ainda é possível ver que a parte de baixo de sua boca está um pouco inchada e com cicatrizes, mas ele parecia um menino normal e alegre, passando da timidez às caretas para a câmera em questão de minutos. "Viajamos 1,5 mil milhas (cerca de 2,4 mil km) para encontrar este menino e ele acaba mostrando a língua para nós. Crianças!", comentou o repórter da BBC, bem-humorado.
Tratamento médico
O tio de Azam, Khalil al-Daham, que é de Damasco, disse que durante o bombardeio à cidade um fragmento entrou no olho de Azam e os pais do menino pediram que ele o levasse para a Alemanha - com a esperança de conseguir um tratamento médico.
A última vez que foi visto, Azam estava em uma ambulância a caminho do hospital
Foto: BBC
Quando perguntado a razão de ter se identificado como pai de Azam, e não como tio, Khalil respondeu que "na Síria, um pai e um tio é a mesma coisa para uma criança". Quanto à saída antecipada do hospital em Belgrado, Khalil afirma que deixou o hospital "legalmente". "Eles disseram que Azam estava bem apesar de ter uma fratura na mandíbula", disse o tio, acrescentando que não sabia o nome do médico que liberou Azam.
O médico sérvio que tratou de Azam em Belgrado, entretanto, tinha dito que o menino deveria ter ficado na Sérvia até o fim do tratamento.
Azam parecia à vontade na companhia de Khalil
Foto: Adam Patterson
Na Alemanha, Azam passou dez dias em um hospital e recebeu uma placa de metal para ajudar na cura da mandíbula quebrada, disse Khalil. Quanto aos pais do menino, Khalil afirma que eles estão a caminho. "Não contamos para eles sobre o problema (de Azam), dissemos que estava bem... Eles viram sua reportagem sobre Azam... Agora eles estão na estrada", disse.
Na companhia de Khalil, Azam parecia confortável e carinhoso em relação ao tio. De qualquer forma, a reportagem da BBC alertou a a Cruz Vermelha e a agência de refugiados da ONU sobre o caso.
Cartazes
A busca realizada pela BBC envolveu várias abordagens: da distribuição de cartazes com a foto de Azam à busca por pistas no trajeto percorrido pelo garoto com o tio à pé, passando por telefonemas para agências de ajuda, polícia e hospitais e pelo uso de redes sociais e ferramentas digitais.
Busca realizada pela BBC usou desde ferramentas digitais até cartazes com as fotos do menino
Foto: BBC
Mas tudo isso foi quase em vão. Sem resultado algum, na semana passada, a equipe quase desistiu da busca. O repórter estava em Munique, depois de receber uma informação não confirmada da polícia de Belgrado de que Azam e o tio tinham ido para a cidade no sul da Alemanha. Ali em Munique, a equipe se deparou com "um cenário deprimente" nos entornos dos centros de refugiados. "Eles eram cercados e não permitiam nossa entrada", disse o repórter da BBC.
Em Munique, Sweeney resolveu desistir da busca. "A Cruz Vermelha alemã disse 'Você não é da família (de Azam), então, seguindo nossas regras, não podemos ajudar'", conta o repórter. A equipe já estava a caminho do aeroporto de Munique quando a história teve uma reviravolta surpreendente, que contou com a ajuda do serviço árabe da BBC.
Depois de uma semana postando em árabe sobre a busca por Azam no Facebook para grupos usados por refugiados sírios, Mamdouh Akbiek, que pertence ao time voltado para as redes sociais da BBC Arabic, finalmente conseguiu uma pista.
Um amigo que viajou com o tio do menino entrou em contato e passou a página de Khalil no Facebook. A partir daí, ainda no aeroporto, a equipe encontrou uma foto do tio de Azam postada minutos antes, sentado em uma cadeira de um centro de compras de algum lugar no norte da Europa. Mais alguns cliques e eles encontraram a foto do próprio Azam.
A página do Facebook não dava informações sobre onde Khalil estava, mas era possível descobrir onde a foto tinha sido feita usando ferramentas como Google Earth e a ajuda de um jornalista sérvio, Ivan Angelovski.
Trabalho de detetive
Na foto, atrás de Khalil, era possível ver uma loja de artigos esportivos. Existem duas lojas com este nome na Alemanha, uma em Munique outra em Berlim. Na vitrine da loja havia o reflexo de um prédio que identificava a loja como sendo a de Munique.
Na vitrine da loja havia o reflexo de um prédio que identificava a loja como sendo a de Muniqu
Foto: BBC
O repórter da BBC foi até o local e se sentou na mesma cadeira onde Khalil foi fotografado, mas a vitrine tinha mudado. A foto foi postada havia poucos minutos quando foi vista pela equipe, mas ela tinha sido feita em setembro.
"Mesmo assim, a notícia de que estávamos procurando por Azam chegou até Khalil e ele postou no Facebook um convite para encontrá-lo. Ele estava em Hamburgo, apenas 500 milhas (mais de 800 km) ao norte. Acordamos às seis, dirigimos sete horas até Hamburgo. Mas quando chegamos Khalil não estava mais atendendo o telefone", relata Sweeney.
A equipe foi até o bairro onde ficava o campo de refugiados e, por sorte, quando estacionavam o carro, viram o Khalil e Azam.
Milhares e milhares
John Sweeney (esq)%2C Azam e Khalil caminham em Hamburgo
Foto: BBC
Azam é uma das milhares e milhares de crianças que fazem a rota dos refugiados pela Europa. A agência de refugiados da ONU na Sérvia afirma que mais de um quarto das pessoas que passam pelo país têm menos de 18 anos e é possível verificar isso caminhando com os refugiados.
A equipe da BBC viu crianças ensopadas pela chuva e amontoadas junto com a multidão que esperava para cruzar a fronteira. Olhando os grupos no Facebook para pessoas desaparecidas, o repórter encontrou 15 casos de crianças que sumiram na rota dos refugiados. Outra boa notícia é que Sweeney ficou sabendo que os pais de Azam acabaram de chegar ao sul da Alemanha.
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