Atletas brasileiros recebem título por incentivar jovem a praticar esporte

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Rio de Janeiro - O ex-judoca e fundador do Instituo Reação, Flávio Canto e o atleta paralímpico Daniel Dias recebem certificado da Academia Laureus durante evento na Rocinha (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Durante evento na Rocinha, o ex-judoca Flávio Canto, fundador do Instituto Reação, e o atleta paralímpico Daniel Dias recebem certificado da Academia LaureusTomaz Silva/Agência Brasil

O medalhista olímpico Flávio Canto e o nadador paralímpico Daniel Dias receberam hoje (30) o título de embaixadores da Laureus Desporto pelo Bem (Sport for Good Foundation), organização mundial dedicada à promoção do esporte como ferramenta de transformação social.

A entrega do título ocorreu no Instituto Reação, criado por Flávio Canto, no Complexo Esportivo da Rocinha, em São Conrado, zona sul do Rio de Janeiro. O instituto atualmente tem cerca de 1,2 mil alunos de judô, entre crianças, adolescentes e jovens moradores de comunidades em situação de vulnerabilidade.

Daniel Dias, nadador paralímpico e maior medalhista do Brasil, com 15 medalhas olímpicas, ganhou o prêmio Laureus em 2009 e 2013, considerado o Oscar do esporte.

"Se cada atleta da academia fizer seu papel, de ser um grande exemplo e ajudar a molecada e as pessoas, fará toda a diferença", afirmou Daniel, que, há cerca de um ano, criou um instituto com seu nome que ensina natação para 20 crianças com deficiência.

Rio de Janeiro - O atleta paralímpico Daniel Dias conversa com os alunos do Instituto do Instituo Reação durante encontro de medalhistas olímpicos com jovens na comunidade da Rocinha (Tomaz Silva/Agência Brasil)

O atleta paralímpico Daniel Dias conversa com os alunos do Instituto ReaçãoTomaz Silva/Agência Brasil

"Sei das dificuldades que nós deficientes temos. Acho que essas pessoas precisam de oportunidades. O esporte me deu muitas coisas e o Laureus me dará oportunidade de passar o que aprendi para essas crianças."

Entre os membros da Academia Laureus, participaram do evento o medalhista olímpico de decatlo Daley Thompson e Hugo Porta, ex-jogador de rugby union argentino.

"A organização tem 52 membros, todos ex-atletas, e muitos embaixadores. A ideia é que podemos mudar o mundo por meio do esporte", disse Porta, considerado uma lenda do rugby mundial. "Para chegar aos jovens de forma mais direta, precisamos de embaixadores, como Flávio e Daniel, mais jovens e com um diálogo direto com eles."

Além dos títulos, a organização internacional anunciou apoio financeiro de 30 mil euros anuais durante três anos renováveis ao Instituto Reação para projetos pedagógicos e de tecnologia. O apoio pode ser renovável.

Para Flávio Canto, embora a ajuda financeira seja importante para fortalecer e apoiar projetos, o apoio simbólico da Laureus é ainda mais valioso.

"Sinto-me mais forte com eles, pois a Laureus é um exemplo desse crescimento em rede de pessoas que querem transformar o mundo pelo esporte. Estou com os grandes nomes do esporte e precisamos manter esse circulo virtuoso. Estamos longe de onde queremos chegar, mas estamos nos aperfeiçoando para ter um projeto cada vez mais consistente para crescer com segurança."

Rio de Janeiro - A judoca Raquel Silva, aluna do Instituto do Instituo Reação, durante encontro de medalhistas olímpicos com jovens na comunidade da Rocinha (Tomaz Silva/Agência Brasil)

 A judoca Raquel Silva faz parte do Instituto Reação há 15 anosTomaz Silva/Agência Brasil

A judoca Raquel Silva, 26 anos, faz parte do Instituto Reação há 15 anos. Ela pretende dar aulas depois que parar de competir. "O esporte ajudou minha família e quero poder ajudar outras crianças. Quero mostrar que, independente de ser pobre, é possível vencer na vida por meio do esporte", acrescentou Raquel, a única com diploma superior da família.

"Fomos criados em uma comunidade sem perspectiva. Com o judô, comecei a viajar, ganhei bolsa em uma escola particular e comecei a ver que havia um outro mundo fora dali. Isso me incentivou a crescer como pessoa." Por causa do esporte, ela já conheceu mais de 20 países, entre eles Japão, Alemanha, Cuba, Uruguai e Estados Unidos.

A irmã de Raquel, Rafaela Silva, é atleta olímpica e representará o Brasil nos Jogos de 2016.

Moradora da comunidade da Rocinha, a mãe de Giovani, Marilene Bezerra Neves, leva o filho religiosamente às aulas de judô há seis anos. "É o que ele gosta e eu incentivo. Ele não falta. Para mim, é um orgulho a vontade dele. É um incentivo muito bom para que as crianças saiam das ruas e aprendam coisas melhores para o futuro." Com 11 anos, Giovani sonha em ser campeão olímpico.

"No início foi difícil, mas é um esporte muito legal. Se derrubar, tem de segurar no quimono para não machucar o amigo. Eles ensinam a não brigar na rua, ter respeito. Se brigar na rua, a gente leva bronca", afirmou Giovani, que já aprendeu a contar até dez em japonês.

Editor Armando Cardoso


fonte:http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2015-10/atletas-brasileiros-recebem-titulo-por-incentivar-jovem-praticar-esporte
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