A saúde mental é um estado de bem-estar que permite ao indivíduo lidar com o estresse da vida, realizar suas habilidades e contribuir para a comunidade. No entanto, a pandemia de COVID-19 desencadeou o que muitos especialistas chamam de uma \"epidemia silenciosa\" de transtornos mentais, exacerbando condições preexistentes e gerando novos casos de ansiedade, depressão e estresse pós-traumático em uma escala global. No Brasil, o impacto foi particularmente severo. O medo do vírus, o luto pela perda de entes queridos, o isolamento social, a instabilidade econômica e a sobrecarga de informações criaram uma tempestade perfeita que abalou o equilíbrio psicológico de milhões de pessoas. Profissionais de saúde na linha de frente, jovens que tiveram sua vida social e acadêmica interrompida, e trabalhadores informais que perderam sua fonte de renda foram alguns dos grupos mais afetados. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ter saúde mental não é apenas a ausência de doença, mas a capacidade de enfrentar os desafios da vida. Nesse sentido, a crise expôs a fragilidade dos sistemas de apoio e a necessidade urgente de ampliar o acesso a cuidados psicossociais. A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do Sistema Único de Saúde (SUS), que inclui os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), viu sua demanda crescer exponencialmente, operando muitas vezes no limite de sua capacidade. O estigma associado aos transtornos mentais ainda é uma barreira significativa que impede muitas pessoas de procurar ajuda. Falar sobre sentimentos de tristeza, angústia ou esgotamento ainda é um tabu em muitas famílias e ambientes de trabalho. Por isso, a promoção da saúde mental passa por campanhas de conscientização que normalizem o diálogo sobre o bem-estar emocional e informem sobre os tratamentos disponíveis. Cuidar da saúde mental envolve uma abordagem multifacetada. Praticar atividades físicas, manter uma alimentação equilibrada, garantir uma boa qualidade de sono, cultivar relacionamentos saudáveis e estabelecer limites no trabalho são estratégias importantes de autocuidado. No entanto, para muitos, apenas isso não é suficiente. A terapia com psicólogos e o acompanhamento com psiquiatras são ferramentas essenciais para o tratamento de transtornos mentais, e o acesso a esses serviços precisa ser democratizado. A recuperação da saúde mental da população é um dos maiores desafios do pós-pandemia e deve ser tratada como uma prioridade de saúde pública, com investimentos, políticas integradas e o combate incansável ao preconceito.
Fonte original: https://www.paho.org/pt/topicos/saude-mental
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