A democracia brasileira, embora consolidada por uma Constituição que completou mais de três décadas, vive um período de testes contínuos à sua resiliência. As instituições, como o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional, têm sido chamadas a atuar como pilares de sustentação do Estado de Direito, respondendo a tensões políticas e sociais que escalaram nos últimos anos. A resiliência democrática do país é frequentemente celebrada por sua capacidade de superar crises agudas, incluindo tentativas de ruptura institucional. No entanto, especialistas alertam para a persistência de ameaças que operam de forma mais sutil, como a desinformação em massa, a polarização política exacerbada e os ataques coordenados à credibilidade de processos fundamentais, como o sistema eleitoral. A disseminação de notícias falsas através de redes sociais e aplicativos de mensagens tornou-se uma das principais armas na guerra informacional, com o objetivo de minar a confiança da população nas instituições e nos processos democráticos. Essa tática não apenas influencia resultados eleitorais, mas também corrói o tecido social, dificultando o diálogo e o consenso, elementos vitais para qualquer democracia saudável. Outro desafio significativo é a luta contra a desigualdade social e econômica, que continua a ser um dos maiores entraves para a plena cidadania. A dificuldade de acesso a serviços básicos como saúde, educação e segurança por grande parte da população gera um sentimento de abandono e frustração, que pode ser explorado por discursos populistas e autoritários. A defesa da democracia, portanto, passa não apenas pela proteção formal das instituições, mas também pela promoção de políticas públicas que reduzam as disparidades e fortaleçam a coesão social. A participação ativa da sociedade civil, da imprensa livre e de movimentos sociais tem sido crucial para a vigilância e a cobrança por transparência e responsabilidade dos governantes. Em um cenário global de ascensão de regimes iliberais, a experiência brasileira serve como um importante estudo de caso sobre como uma democracia jovem pode resistir a pressões internas e externas, reafirmando a cada desafio o valor inegociável da liberdade, dos direitos humanos e da soberania popular.
Fonte original: https://www.cartacapital.com.br/politica/a-democracia-brasileira-resiste-mas-segue-sob-ameaca-dizem-especialistas/
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