Pecuária e crise climática: Novas tecnologias buscam reduzir emissão de metano pelo gado

Em meio à crescente pressão global para combater as mudanças climáticas, a pecuária se encontra no centro de um intenso debate. O setor é um dos maiores emissores de gases de efeito estufa, principalmente o metano (CH4), liberado pelos processos digestivos de ruminantes como bois e vacas. Diante desse desafio, cientistas e empresas de biotecnologia estão em uma corrida para desenvolver soluções inovadoras que possam mitigar o impacto ambiental da produção de carne e leite, sem comprometer a segurança alimentar. O metano é um gás com um potencial de aquecimento global mais de 80 vezes superior ao do dióxido de carbono (CO2) em um horizonte de 20 anos, tornando sua redução uma prioridade na agenda climática. A Agência Brasil reporta que diversas frentes de pesquisa estão avançando em tecnologias promissoras. Uma das mais comentadas é a utilização de aditivos na ração animal. Suplementos à base de algas marinhas, como a Asparagopsis taxiformis, demonstraram em estudos a capacidade de reduzir a emissão de metano em até 80%. Essas algas contêm compostos que inibem as enzimas responsáveis pela produção do gás no rúmen dos animais. Outra abordagem promissora é a seleção genética. Pesquisadores estão identificando e selecionando animais que, naturalmente, emitem menos metano. Ao cruzar esses indivíduos, é possível criar rebanhos com uma pegada de carbono significativamente menor. Essa estratégia de melhoramento genético, embora de longo prazo, oferece uma solução sustentável e permanente para o problema. Além disso, a tecnologia de vacinas anti-metano está em fase de desenvolvimento. A ideia é criar uma vacina que estimule o sistema imunológico do animal a produzir anticorpos contra os micróbios metanogênicos presentes em seu sistema digestivo. Se bem-sucedida, essa poderia ser uma solução de baixo custo e fácil aplicação para milhões de produtores rurais em todo o mundo. No entanto, a implementação dessas tecnologias em larga escala enfrenta desafios. O custo dos suplementos, a logística de distribuição e a aceitação por parte dos produtores são barreiras a serem superadas. Para muitos pequenos e médios pecuaristas, o investimento em novas tecnologias pode ser inviável sem o apoio de políticas públicas de incentivo e crédito rural. O governo brasileiro, por meio da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), tem incentivado práticas de manejo mais sustentáveis, como a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), que ajuda a sequestrar carbono no solo e a melhorar a qualidade da pastagem, o que, por sua vez, pode levar a uma digestão mais eficiente e menor produção de metano. Especialistas ambientais concordam que não existe uma solução única. A combinação de diferentes tecnologias, aliada a melhores práticas de manejo e a uma mudança nos padrões de consumo, será fundamental para que a pecuária possa continuar a alimentar o mundo de forma mais sustentável e alinhada com as metas do Acordo de Paris.

Fonte original: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2024-05/dia-mundial-do-meio-ambiente-cientistas-alertam-para-os-desafios

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