Banco Central surpreende e mantém taxa de juros em 10,5% devido a incertezas fiscais

Contrariando as expectativas de grande parte do mercado financeiro, que previa um novo corte, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu por unanimidade manter a taxa básica de juros, a Selic, em 10,5% ao ano. A decisão, comunicada no final da tarde desta quarta-feira, interrompe o ciclo de cortes que vinha ocorrendo desde agosto do ano passado. Em seu comunicado, o Copom citou um aumento das incertezas no cenário fiscal doméstico e um ambiente externo mais adverso como os principais motivos para a pausa no afrouxamento monetário. A autoridade monetária destacou que, embora a inflação corrente esteja se comportando de maneira benigna, as expectativas de inflação para os próximos anos têm se deteriorado, afastando-se da meta. A mudança na meta de resultado primário para os próximos anos, anunciada recentemente pelo governo, foi um fator de peso. O mercado interpretou a mudança como um sinal de menor compromisso com o ajuste das contas públicas, o que aumenta o risco de uma trajetória de dívida insustentável e pressiona a inflação futura. Além disso, o cenário internacional continua desafiador. A persistência da inflação em economias desenvolvidas, especialmente nos Estados Unidos, sugere que os juros por lá permanecerão altos por mais tempo, o que reduz o apetite por risco e atrai capitais de países emergentes como o Brasil, pressionando o câmbio. A decisão dividiu economistas. Um grupo acredita que o Banco Central agiu com prudência, priorizando a credibilidade e a ancoragem das expectativas. Eles argumentam que um corte agora poderia ser um \"voo de galinha\", forçando o BC a subir os juros de forma mais agressiva no futuro. Outro grupo, no entanto, critica a decisão como excessivamente conservadora, argumentando que ela pode sufocar a atividade econômica, que já dá sinais de desaceleração. Para eles, a inflação corrente controlada daria margem para mais um corte. O comunicado do Copom deixou em aberto os próximos passos, afirmando que \"a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente\" e que \"futuros passos dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação e do balanço de riscos\".

Fonte original: https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/06/19/copom-decide-manter-taxa-de-juros-em-105-ao-ano.ghtml

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